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Camilla Rocha

Wigvan vem assim, devagar, simples na escrita, mas com intensidade suficiente para tornar complexo até o mais sutil dos atos. Em seus textos tudo importa, tudo tem seu valor, tudo pesa e nada incomoda mais que o peso.  Cada minúcia precisa ser analisada, pensada e, por fim, completamente descodificada.

 

O mais interessante do estilo de Wigvan é se deparar com uma literatura que parece não beber de nenhuma outra fonte além da própria dor.

 

A vida é retratada de forma pura, sem meias palavras e sem pudores. Retratada assim como é vivida internamente por cada um de nós, que apesar de maquiarmos diariamente nossas impressões, não conseguimos deixar de nos localizar em meio a essa narrativa que expõe tão naturalmente o eu e o outro.

 

Apesar disso, não existem as palavras certas ou um desfecho romanesco comum. A literatura de Wigvan existe num outro campo, o da realidade oculta, do intocável e do que permanece tanto na cabeça do leitor quanto em seus próximos textos. Cada narrativa nova traz uma familiaridade que mais parece uma reescrita daquilo que permanece inacabado e que nunca poderá ser completo. O bonito de Wigvan é a procura que nunca cessa.

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